domingo, 16 de abril de 2023

Ingmar Bergman: Sonata de Outono

  Estou muito impactado com o filme de Ingmar Bergman, SONATA DE OUTONO (1978), um dos seus últimos filmes para cinema que trata da relação entre mãe e filha. 

 O filme trata de um reencontro de mãe e filha depois de 7 anos. De um lado temos a pianista Charlotte, personagem da maravilhosa Ingrid Bergman, em seu último papel para o cinema, 5 anos depois, a atriz perderia uma batalha para o câncer.  Do outro lado temos Eva, Liv Ullmann, grande atriz que foi casada com Bergman e brilhou em muito de seus filmes entre eles, meus preferidos, GRITOS E SUSSURROS (1972) e CENAS DE UM CASAMENTO (1973).  Eva é uma dona de casa simples, que passa a vida a cuidar do marido que é padre anglicano, a irmã doente que a mãe rejeitou e a lembrar do filho morto. 

 No começo, o transcorrer da vida das personagens flui aparentemente bem, até que numa madrugada dessas, acontece uma monumental lavação de roupa suja com atuação, texto e direção de mais brilhante qualidade, a dar calafrios. Ingrid Bergman não poderia encerrar sua carreira de outra maneira, a sua interpretação é diferente de tudo que ela já tenha feito. Ingrid está brilhante, como a mãe prepotente, altiva, moderna, mas com muitos fantasmas, medos, problemas que ao decorrer do filmes vamos entendendo. Liv está também brilhante, como a filha submissa e também cheia de traumas e angústias. Uma das sensibilidades do filme é não culpar ninguém. Ele nos faz entender que afinal a vida é muito complexa para se haver uma certo ou errado definitivo das coisas, tudo vai acontecendo com enumerados acontecimentos que dão forma ao rumo que as coisas da vida dá. Somos embalados ao longo do filme pelo Prelúdio de Chopin, claro que a sensibilidade de toda a obra não seria menor, mas emoldura toda a poesia que no filme há.

 Tudo cheira a outono: a frieza, o tom das roupas, os cenários, a música, a fotografia, mas também a poesia e a beleza nas coisas mais mínimas, o fazer literatura das coisas mais banais, sensibilidades que poucos como Ingmar Bergman pode fazer. 


Sonata de Outono é meu Bergman de hoje

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