Anos Dourados foge do habitual a trazer uma vilã pouco comum na teledramaturgia, a mãe da protagonista. Com um tom afável e aconselhador, Yara Amaral (Celeste) por meio da cartilha da moral e dos bons costumes, sufoca a filha Lourdinha (Malu Mader) como poucas. Metaforicamente, o autor usa isso para denotar que a hipocrisia é a mãe de todos nós, nós somos criados geralmente, em meio à hipocrisia, vestida de "moral e bons costumes".
No ditado surrado que "pai e mãe sabem o que é melhor para seus filhos" e outras frases feitas, a mãe manipula a filha, como uma sociedade ensina "o que é certo e o que é errado" de modo manipulador, não dando espaço para o pensamento e indagação.
Todos são contra o aborto, até que a filha fique grávida; todos são contra o divórcio, mas é preferível uma vida infeliz; adultério é pecado, mas o homem pode ir num prostíbulo... Amparados pela Igreja, a hipocrisia reina e se perpetua.
Porém, ao longo dos capítulos é visto que a mãe é tão vítima quanto, foi também educada por essas convenções, e não consegue se desvencilhar delas, afundando-se mais e mais nesse emaranhado. Passada a raiva, o que a filha sente pela mãe, é também sentido pelo espectador, pena.
Claro que alguns podem pensar que tais coisas feitas na minissérie, hoje são ultrapassadas, porém movimentos como "Escolhi esperar", governo fazendo campanha contra sexo, proibição de educação sexual nas escolas, livros com tais temáticas sendo proibidos e/ou sofrendo campanhas para... É se enganar, pensar que estamos distantes dos "Anos dourados", ou quiçá, da Idade Média.
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