quarta-feira, 30 de novembro de 2022

TENNESSEE WILLIAMS E PAUL NEWMAN, UM POSSÍVEL CASO

  "The man behind the baby blues" foi uma biografia lançada em 2009 sobre Paul Newman bastante polêmica. Escrita por Darwin Potter, expunha segredos nada conhecidos do galã hollywoodiano, como por exemplo, sua bissexualidade. O livro afirma que Newman tivera tido casos de Marlon Brando a Natalie Wood, de Montgomery Clift a Joan Crawford, de James Dean a Steven McQueen. E um caso que achei muito interessante foi com o dramaturgo Tennessee Williams. Segundo Potter, os dois teriam passado um final romântico na casa do Tennessee, Potter era seu vizinho. Paul fez ainda com Tennessee ainda vivo, uma peça sua e dois filmes da sua obra. Me deixou intrigado foi que em seu livro de Memórias, Tennessee mal fala em Newman (duas linhas são ditas) mesmo eles tendo trabalhados juntos. Me pareceu uma autocensura sobre o assunto ou algo assim. O livro ainda afirma o apoio de Newman a causas homossexuais e a sua filantropia para usuários de drogas. Muitos se perguntam se esses casos foram verdade ou não, resta uma afirmação do próprio Newman a entrevista de Gore Vidal, depois de ter contado a Vidal uma fez que lia Nietzsche e foi assediado por um Jesuíta, "Aí eu vi que não era pra mim", "A religião ou a homossexualidade?" - perguntou Vidal, "Nietzsche". Pra que mais provas?  

 

 Existe um vídeo no YouTube no canal Sociocrônica que esmiúça um pouco da vida bissexual de Newman, um vídeo muito interessante e divertido. 

paul newman and tennessee williams | Tennessee williams, Paul newman, Newman

ebook) Paul Newman, The Man Behind the Baby Blues - 9781936003082 - Dymocks

TENNESSE WILLIAMS, CHARLES AZNAVOUR E WOODY ALLEN

 Ah! eu me sinto órfão. Acabei de terminar o livro "Memórias" de Tennessee Williams e me sinto órfão, como foi bom acompanhar as memórias dele. Uma vida de muita repressão sexual, até a libertação aos 30 anos, muitos parceiros, muitas crises, muitos textos autobiográficos, muitas peças geniais, muitos contos sensacionais. Me sinto tão órfão, que agora leio uma coletânea de contos dele, "49 contos", da Companhia das Letras, é triste como os livros de Tennessee são difíceis de encontrar. Encontrei na biblioteca da faculdade, que só existe uma edição brasileira esse livro de memórias (1976) e este livro de contos (2006). "Para felicidade geral da Nação", a Biblioteca Teatral tem lançado quatro coletâneas de peças suas, uma com "Gata em telhado de zinco quente", "A noite da Iguana" e a " A descida do Orfeu"; "De repente, no último verão", "O zoológico de vidro" ("À margem da vida") e "O doce pássaro da juventude" - esta eu tenho; "27 carros de algodão e outras peças de um ato"; "Mister Paradise e outras peças de um ato". Infelizmente, essas obras tem preços nada acessíveis, a edição com "Gata em teto de zinco quente", tem custado em torno de R$ 100,00. É notório o quão esquecido Tennessee é no Brasil. Eu mesmo o conheci pela minha paixão por Paul Newman, que fez dois filmes da obra de Tennessee ("Gata..." e "O doce pássaro..."). 

 Assim tenho passado meus dias, lendo Williams e uma nova recente grande paixão que são os filmes de Woody Allen em que suas opiniões sobre a vida, morte tenho concordado muito (mesmo sendo Allen um diretor maldito pela sua vida pessoal, temos que admitir a sua genialidade artística). Ao assistir "Meia noite em Paris", a explicação para com a nostalgia, que o passado fora melhor e o presente como entediante, me tem apetecido uma própria questão minha. Falando em Nostalgia tenho ouvido muito Charles Aznavour as suas canções são lindíssimas e ele é uma sumidade no palco e cantando. Tenho aprendido um pouco de francês para entendê-las. A sua "Comme il disent" ("Como eles dizem") uma canção sobre homossexualidade me deixou profundamente marcado, interessante um heterossexual escrever tão sensivelmente sobre isso. São 7h30 acho que vou terminar "Para Roma com amor", Allen tem até filmes melhores, mas está em contato com seu texto e direção é sempre delicioso. 

Acidente inesperado: a fatídica morte de Tennessee Williams

Woody Allen: “Depois de morto, podem jogar meus filmes no mar. Não estou  nem aí para a posteridade” | EL PAÍS Semanal | EL PAÍS Brasil

Morre o ícone francês Charles Aznavour – DW – 01/10/2018

Paul Newman em "O doce pássaro da juventude" (1962)Doce Pássaro da Juventude / Sweet Bird of Youth – + de 50 Anos de Filmes

domingo, 6 de novembro de 2022

PRENDAM SÓFOCLES (baseada numa história real)

 Era 21 de agosto de 1965. Era minha estreia nos palcos do Teatro João Caetano. A peça era “Electra” – um clássico de Sófocles. Eu estava muito contente. Eu fazia parte de um grupo iniciante do mesmo teatro. A noite estava linda, todos os ingressos foram vendidos, tudo estava perfeito, cenário, figurino. Não tínhamos muito dinheiro, mas conseguíamos nos virar.
- A que horas está marcada a peça? – disse um amigo meu que estava lá para me prestigiar.
- Às 21h00. Não vejo a hora, meu coração está preste a pular da minha boca
- Carlinhos, se acalma, tudo vai ficar bem – falou Pedro Afonso, outro amigo, também ator da peça.
- Acho melhor a gente se aprontar – falei decisivo
- Bem vamos – disse Pedro. ... Começo do primeiro ato... Maria Del Costa entrou em cena. De repente se ouviu um barulho, militares entravam no teatro, eram 13 e lá tinha um homem (à paisana) que parecia ser o responsável por eles e ele gritava com voracidade:
- Sou Inspetor Gonçalves, estou aqui para prender Sófocles. Prender esse “comuna”. 
 Todos se admiravam com aquilo, era absurdo, era impossível. O diretor da peça Antônio tentou explicar-se, aos gritos:
- Meu senhor, Sófocles morreu há mais de vinte séculos, sou o diretor da peça, palavra!
- Que palhaçada é essa? Acha que eu tenho cara de quê? Bobo? Palhaço? Arre! Qual o seu nome?
- Antônio Abujamra 
- O senhor deve ser muito amigo dele, para acobertar um subversivo de marca maior... sem blá, blá, blá... Quero saber onde está esse Sófocles. (dirigindo-se aos soldados que o acompanhavam) Vocês passem pente fino no teatro inteiro, procurem esse homem deve estar bem escondido na coxia ou em qualquer outro lugar o teatro está cercado, ninguém há de ousar sair. – disse em tom autoritário
 Eles entraram coxia a fora, Abujamra foi atrás, nós olhávamos pra eles, com uma mistura de medo e coragem, um sentimento tenebroso, e que espero não sentir, mais nunca. Era patético Sófocles estava morto. Uma hora esse inspetor não achando quem queria, mandou os subordinados, pegar e levar-nos, inclusive o diretor, para uma inspeção. Eles nos jogaram numa espécie de van, e ficamos a rodar, estava tudo escuro, eu não via os outros, nem ousávamos dizer uma sequer palavra, o medo nos corrompía.
 Uma hora, ela parou, era o DOPS. Botaram-nos todos numa sala com um coronel, eu acho, ele não se identificou, e perguntava com raiva:
 - Cadê Sófocles? Eu exijo que digam, se não sobra pra vocês! 
 Nós estávamos perplexos de tanto medo, ninguém se ousava a dizer, nem mesmo o Abu. Até que um colega nosso, Antenor Camargo, teve uma gota de coragem e disse-o:
 - Senhor, ele está morto!
- Morto? – ele riu diabolicamente.
- Sim, senhor, morto! – replicou Antenor.
- Você acha que aqui é o que? Que eu sou ignorante? Que eu não sei que ele é um desses escritores da juba comunista? 
- Mas está morto, acredite em nós! – suplicou Camargo
- Acredite em vocês?! Todos estão presos, prendam-no!
 Passamos a noite lá. Passei a noite horrorizado, com muito medo do que nos poderiam acontecer no dia seguinte, não dormir, só pensava em tortura, pensei que eles fossem torturar-me. No dia seguinte os espectadores, mais uma legião de pessoas, estavam lá para nos soltar, entregaram uma edição do livro subversivo em questão, com a biografia do autor. Os militares viram que não tinham como prendê-lo, pois, ele já estava preso só que em outro aspecto e era impossível tirá-lo de lá. Quando nos tiraram da prisão, eu não acreditei no que um soldado nos disse, não falei nada, mas pensei que fosse gozação dele para conosco, e pensei repentinamente, “Eles vão me matar”, “Eles vão me matar”. Só acreditei quando vi meu pai e minha mãe, me agarrei a eles e desabei a chorar, nunca havia chorado daquela maneira, nem sei explicá-la. E o choro vinha atrelado a uma dor, a dor da injustiça. A peça foi proibida por uma subversão identificável. 
 Foi há 55 anos. Hoje, vendo que há pessoas que querem que esse momento grotesco volte, e falam como esse tempo fosse feliz, o mundo fosse respeitador, e houvesse uma segurança reinante. Lembro-me de Cristo e rezo: “Perdoai-lhes, ó pai, eles não sabem o que dizem”
 
Roberto Filho


Golpe de 1964: o que foi, contexto histórico, acontecimentos

CHARLES AZNAVOUR: "Je reviens" (1972, Live at Olympia)

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