Uma novela que eu nada muito valor. Comecei a assistir pela paixão por Bete Mendes, Rodolfo Bottino e Gilberto Braga, que supervisiona o texto. "Lua cheia de amor" é um dos melhores folhetins já produzidos pela Globo. Deve ter caído no esquecimento talvez por não ter uma protagonista muito carismática, apesar que divertida, Genuína/Genu (Marília Pera), não é um dos personagens lá muito bem lapidados, seja pelo texto ou pela atuação de Marília Pera, que carrega ainda alguma coisa de Rafaela Alvaray, sendo até engraçado, mas não tão apaixonante como a própria Rafaela, claro que ela é engraçada, mas seja o texto, de um português tão caricato, que torna a ser não muito crível. Claro que sentimos pena, dela quando é espezinhada pelos os filhos, principal recurso dramatúrgico para o telespectador se comover com sua vida, mas vemos com o passar dos anos que não houve muita comoção, já que uma das personagens mais esquecidas de Marília, o tiro saiu pela culatra.
A novela também pode ter sido "esquecida" por ter coadjuvantes mais interessantes que os principais. A filha de Genu, Mercedes (Isabela Garcia) é um dos tipos mais insuportáveis, sendo não tão carismática como Maria de Fátima, a filha ingrata de "Vale tudo", e sim só chata. E além disso tendo Augusto (Maurício Mattar), um homem rico que se faz de pobre para mostrar para Mercedes que o amor é que importa, fica sendo insustentável, sabendo que ele sabe que ela não vale nada e tenta a todo custo provar isso a ela. E Douglas (Rodolfo Bottino), que muito rapidamente se apaixona e quer se casar com ela, e é perceptível que sabe que ela não gosta tanto dele assim, quer a todo custo se casar com ela. Genu tem outro filho que é Rodrigo (Roberto Battaglin), um dos seus melhores papéis que é noivo de Flávia (Renata Laviola), uma personagem muito sem graça. Mário Gomes como sempre, sem graça, como Wagner, que destoa da brilhante Drica Moraes como a cleptomaníaca rica, Isabela.
Quem brilha muito é Bete Mendes como a alcoviteira Emília, casada com Urbano (John Hebert), sempre maravilhoso em seus papéis de tipos parecidos mas capaz de sempre arrancar risos de quem o assiste. Emília é uma das mais maravilhosas criações de Bete. Arlete Sales também é sensacional como a nova rica, Quitéria, casada com Jordão (Carlos Zara). São deliciosas as cenas de Arlete, Bottino e Zara. Rodolfo Bottino, diga-se de passagem, está ímpar no auge da beleza, entregando sempre profundidade em sua atuação. Geraldo Del Rey está emocionante como o sensível Túlio, que é apaixonado por Genu. Ao meu ver a trama mais interessante é de Laís (Suzana Vieira), Bubby (Alexandre Lippiani) e Conrado (Cláudio Cavalcanti) que fazem um ótimo triângulo amoroso. Laís e Conrado estão casados há 25 anos e começa a caminhar numa crise ao brotar uma chama, mesmo reticente, entre Laís e Bubby.
A supervisão de Gilberto Braga faz muita diferença no texto de escrita por Ricardo Linhares, Ana Maria Moretzsohn e Maria Carmem Barbosa, em colaboração de Márcia Prates, as referências à arte em geral e os diálogos reflexivos, é muito característico do universo gilbertobraguiano, este que é um remake disfarçado de Dona Xepa de Pedro Bloch, novela feita para as 18hrs por Gilberto Braga em 1977. A direção geral de Roberto Talma, tem um tom de videoclipe, tendo em vista que Roberto Talma passou muito anos dirigindo musicais e similares para a emissora.
A novela com seus prós e contras é deliciosa de assistir, tendo nada que incomode, decerto, mas não tendo personagens populares em evidências a cativar a paixão do público. Mesmo tendo um bom ritmo, a trama entrou no hall das novelas mais esquecidas pela Globo. Sem dúvida uma das novelas que mais estou gostando de acompanhar.
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