"Trazer uma aflição dentro do peito é dá vida a um defeito que se extingue com a razão"
Depois de assistir o esperançoso, "Um trem para as estrelas", assisto do mesmo Cacá Diegues, "Chuvas de verão", o que me fez ver novamente, o porquê dele ser tão aclamado. A poesia e a maneira de retratar o país é genial. Cacá mistura poesia e realidade, fantasia e realismo como ninguém. Misturando-os de tal ponto, que não conseguimos muito bem desvencilhar o que é tal coisa, já que tudo de certo ponto, expressa o espírito brasileiro de ser.
"Chuvas de verão" é um dos poucos filmes brasileiros a abordar o etarismo e principalmente com maestria. Aborda a vida de Afonso - brilhantemente interpretado por Jofre Soares, que se aposenta e começa a passar pelas angústias causadas pela idade e pela rejeição. É viúvo e apaixonado pela sua vizinha, Isaura (Miriam Pires) que por causa de convenções sociais prefere não dar trela a seus próprios desejos. Até que um dia, fazem de conta que o tempo não passou e se entregam lindamente, "Nós podemos, seu Afonso, nós podemos!", diz Isaura prestes a gozar.
Outros pontos também são apontados no filme: O cidadão de bem que estupra e mata uma criança; o marido chato que esconde tendências homossexuais ou transexuais; a mulher que depois de 60 anos não é mais vista sexualmente pelo marido; a paixão de um jovem por uma mulher mais velha.
Cacá retrata o Brasil de 1978, ainda oprimido pela ditadura militar. Uma pena tantas dessas questões ainda estarem atuais nos dias de hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário